sábado, 23 de março de 2013

Poena impurus


"É engraçado, não é? Como tudo anda estranho e diferente...
Os valores se trocam como roupas, e morrem repentinamente.
E dentre roupas, ali achei mais uma!
Mais alguém capaz de me distrair da confusão que me inunda.


As coisas boas se passam de um jeito tão fullgás
Os pensamentos bons se vão na lágrima que cai.
Dentre uma corda ou outra, mais uma canção.
Mas dessa vez, pasme! Não é sobre você não...


Deixe-me sentar, beber mais um copo, aliviar a dor.
Deixe-me chorar, deixe-me espernear, deixe-me falar de amor.
Aqui não dá pra ser sempre sincero
Pois desmorona tudo que faço com tanto esmero.


Eu acordei ouvindo risadas de crianças
E dentre mil abraços, eu vi a cara da esperança
Ela segurou meu rosto, beijou-me com carinho.
Disse "Vá agora, pois tens um longo caminho."


Não vou assumir, não vou deixar transpassar.
Tenho medo de ir lá fora, tenho medo de qualquer lugar.
Afinal de contas, quem sou eu então?
Mais um anjo caído, me chamo "Solidão"...


Me sinto cada vez mais em casa, cada vez com mais sorte.
Sofrer de dor honesta faz sentir-me mais forte.
Um pouco de medo do novo, quem não tem?
Mas é um medo bom, pois sei que o novo vai me fazer bem.


No mundo em que vivo, todos estão mentindo.
Dizem que estão sorrindo, estão se encontrando.
Ora, eu sei que a ferida continua apertando.
Mas farei o mesmo que eles, só pra me sentir mais humano.


Dentre músicas e sorrisos, eu venho a me curar.
Viagens repentinas, boto fé, vou me encontrar!
Afinal, o que tanto essa vida quer nos ensinar?
Já, sei, já sei! Se eu pensar demais, vai estragar...


Agora que eu já magoei, que eu mostrei que não sou nada
Posso enfim seguir em frente, pra mais um dia de merda.
Sei que aquela lá viu algo de mim.
Deixa pra lá, não valho tanto à pena assim.

À pena... À pena... Pena impura.
Não serei digno de pena!!!
Apesar de ser exatamente isso que causo
Pra aqueles que viram o quão alquebrado estou.

"Boa noite, senhor. O que vai pedir?"
"Mais um copo, garçom. Ignorei mais um aprendizado naquela esquina ali."

quarta-feira, 13 de março de 2013

Timor Angelus

Desses olhos não mais saem lágrimas
Mágoa grande que abateu o coração.
As nuances verdes de um olhar não mais vívidas
Fazem ver que a ideia em si foi em vão.

De reencontro à até logo.
De músicas à sorrisos
De beijos a amizades
De choro à abismos.

O cigano enfim assumiu!
Se perdeu em meio à tanto medo.
Teve até medo de não ter medo.
Só pra acreditar que de fato, sucumbiu.

Que não tinha outra saída.
Que o tentar sempre naufragou.
Mas na verdade, era apenas ferida...
Ferida que há tempos existe, e ainda não se fechou.

Não é recente, é quase secular.
É uma dor que nunca passou.
Mas o vazio em si não o fez enxergar
Que o antídoto, em sua frente posou.

E assim, vive sozinho.
Reclamando sempre da solidão.
Ora, se na tua roseira tem espinhos
Porque os deixa procriar então?

Vai de rosa em rosa,
De flor em flor.
Não dá pra justificar nem uma prosa
Quando se sofre por amor.

Mas que fique atento!
Já vou lhe avisar.
Pra que depois não se julgue desalento
Por não ouvir alguém a lhe aconselhar.

Eu vi meu amor perdido num quarto qualquer.
No meio de uma mulher
Satisfeito temporariamente.
Com medo da solidão que adoece a mente.

A profundidade do universo que procuras
Não está na superficialidade das tuas ações.
Se a vida lhe trouxe amarguras
Saiba também que disso sofreram muitos outros corações.

Que houve nobreza, eu não posso negar.
Respeitoso aos sentimentos que vieram lhe cantar.
Lábios que tocaram a pele, me disseram pra fugir.
Pobre deles, não sabiam o tipo de espírito que havia ali.

Se queres ir alto, deves voar!
Mas tem que cuidar bem dessas asas.
E quando voltar, deves gritar!
"Acorda, mulher! Acorda que eu tô em casa!"

Na próxima conversa, quero ouvir falar.
De como por si mesmo você se apaixonou.
De como agora você sabe quem por trás do espelho está.
De como está bem pelo bem que plantou.

Eu quero ver vida, eu quero ver transmutação.
Eu quero que a ideia se torne revelação.
Eu quero musicar o teu triunfar
Quero brindar você sem parar.

O céu azul vai ouvir tua glória.
E de estrelas ele vai brilhar a tua vitória.
Por dentre gargalhadas, eu vou mais uma vez declarar.
'Aqui é tua casa, volta sempre que precisar lembrar o que é amar!'"