quarta-feira, 1 de maio de 2013

João e Maria


João sempre foi assim. Meio alheio à sociedade.
Não entendia porque as pessoas fingiam necessidades.

E ser bonito era meta? Ter dinheiro era padrão?
Isso nunca fez sentido, ao ver mais um corpo suicida no chão.

De que adianta surgir, prosperar, viver?
Se a cada dia, as coisas que importavam pareciam morrer?

É de se pensar que os verdadeiros loucos eram nós, João pensava.
Para cada dia de cão e cada coração que se deslacerava.

Afinal de contas, se esconde o que sente, se engole o que não quer, e se apunhala quem ama.
Mas se finge estar bem, finge sorrisos ao padeiro e se junta ao inimigo na cama.

João não gostava como seu povo se sabotava.
Nunca entendera como tratavam uma vida como marmelada.

A felicidade era cara, insípida e vazia.
Não se baseava no sentimento, e sim no status que se cria.

E ele ficava louco, sozinho a se perguntar
"Aonde diabos eu vim parar?"

Por fim, João percebeu.
Desapontado, num guardanapo de bar ele escreveu:

"Não é a beleza falsa que assusta
E sim a satisfação plena que alcança
Pois se você se dá por contente
Terá que encontrar outro movito eminente

Pra viver a vida... Pra correr atrás de sonhos doidos, sonhos abortados.
Sonhos que ninguém quer te ver realizar.
Maria, ainda não te conheço.
Mas quero muito ser seu par.

Vem logo, e vem depressa.
Esse mundo é difícil à beça.
As pessoas se esquecem do que é bom
No fundo, todos tem medo da solidão.

Sei que também dessa agonia partilho
Mas não deixo isso interferir no meu trilho.
Pedi uma vez e peço novamente
Vem logo me curar da doença dessa gente. "


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