quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Por mim? Sim.

Se essa bússola, se essa bússola que te move fosse minha
Eu mandava, eu mandava em mim mirar.
Com flechinhas, com flechinhas de encanto
Pra você, pra você se apaixonar...

O vento que bate desse teu lado
Afaga os meus cabelos quando avisto o mar.
Ah! Quantas águas, quantas águas pra remar!
Ainda assim, a vontade é grande de atravessar.

Atravessar a rua, entrar no outro mundo
Me levar até onde os nossos olhos se esbarrem.
Observar até onde vai este olhar profundo
Que até fechado, causa tanto vislumbre.

Das coisas mais singelas dessa vida
Trago a certeza de que sorriso tão belo nunca vi.
E que de tão maravilhoso foi o tempo
Que nem a hora passando eu senti.

É curioso pensar que, obrigados pelo cansaço
O sono nos pegou, e nos fez descansar
O hilário foi que no mundo das ideias
Continuamos a conversar.

Algumas pequenas faíscas queimavam dentro de mim
Alguma mera timidez se demonstrava nas tuas ações
A admiração que me levou a te observar por horas sem fim
Faz com que eu creia nas próximas situações.

Não chateie-se por eu não ter me despedido, e ter fingido sono.
É que sem jeito fiquei ao notar que...

Eu não queria ir embora.
Eu não queria que você fosse embora.

Então, ao invés de sonhar em voltar no tempo
Nos esbarremos! E simplesmente fiquemos.
Assim.
Sem gosto de fim.

terça-feira, 2 de julho de 2013

No cotidiano, continha um dano.

"Só cinco minutos, eu consigo, é só manter o ritmo!" Ela dizia enquanto corria apressada pela rua. Havia chovido, e sua mão estava ocupada com o dinheiro do ônibus, a bolsa, e o guarda-chuva, que impedia o contato direto da água em sua cabeça.
Ao pensar sobre alguma decepção amorosa que seu coração volta e meia a lembrava - e independente da decepção, a pontada de dor parecia permanecer a mesma - ela acabou se distraindo e diminuindo o passo, e por segundos, não alcançara o ônibus que almejava pegar.
"FILHO DUMA PUTA!" Ela bradou, mais alto do que o comum, e uma parte dentro de si se perguntava se o destinatário de seu xingamento era realmente o pobre transporte público. Pensou em desistir, pensou em voltar pra casa, pensou em ir por um outro caminho. Já estava se sentindo mais derrotada do que nunca - pudera, a vida havia sido dura com ela nos últimos tempos, meses, anos - e não entendera quando o enjoo começou a surgir. O nó que na garganta morava já não tinha mais forças para avisar a jovem que aquela fase da vida estava insuportável de se viver.
Uma vontade imensa de desistir das coisas e encontrar com o acaso na esquina começava a tomar conta dos seus desejos. Afinal, ela poderia suportar tudo, menos o fato de que queria chorar porque perdera sua condução, e a faria chegar atrasada na aula novamente.
Mas ela também sabia que encontrar com o acaso era questão de sorte. Quem disse que o bom acaso sempre está à espreita? Ela tentara isso diversas vezes, e sabe muito bem que a sensação de vazio lhe abraçava à noite, toda vez que sua cabeça alcançava o travesseiro.
Mas uma voz dentro de si disse "Não vai... Fica...". Resolveu persistir. Saberia mais tarde se era no erro, ou no acerto. Saberia também que vida é coisa tão indescritível que os dois termos antagônicos não descreviam momentos assim.
Chegou no seu destino, depois de muito receber chuva na cara. Não fazia mal; na verdade, ela gostava assim. Para sua surpresa, a professora não se encontrava. Em seu lugar, uma monitora refazia a prova dada na semana passada, e apenas uma correção em grupo foi feita. Matéria fácil, uma nota boa coloriu seu dia. Pelo menos se sentia aceita em um parâmetro que a importava.
Na hora de ir embora, as colegas insistiram num bom lanche em grupo. Estavam animadas, e sorrisos e gargalhadas corriqueiras não faltaram. Apesar da intimidade, sentia-se como um apêndice pendurado naquele meio. Poderia ser removido a qualquer hora, e a verdade era que não faria falta alguma. Convivia com esta noção há algum tempo, e aceitava da forma mais tranquila que pudera.
Ao parar no ponto de ônibus, finalmente à caminho de casa, decidiu sair um pouco da rotina e finalmente enfrentar o acaso que lhe cabia: pegara um ônibus que não fugia muito da sua rota, mas mudava em alguma coisa seu retorno ao lar. E mudou, de fato.
Esbarrara com um amigo que há muito não via e por estranho que pareça, a amizade não era de longa data, mas a sensação sim. Gostava quando esses tipos de laços apareciam repentinamente na sua vida para fortalecer a caminhada.
Estranhamente, seu companheiro que sempre emanava uma alegria ímpar, se encontrava pra baixo. Com algumas brincadeiras, palavras e gestos, ela viu uma oportunidade de retribuir um antigo favor que devia ao jovem; o colo humano cala a dor quando ela chega no limite. Era disso do que o rapaz precisava no momento. Aliás, ela muito se perguntava se era apenas ela que achava um absurdo todos aqueles que recusavam um abraço sincero.
Ficou refletindo sobre estas questões quando o amigo desceu do ônibus, pois seu caminho, como o de qualquer outra pessoa, diferenciava e mudava de rumo em algum ponto da vida.
Logo mais descera também, e desejara boa sorte àqueles que ficavam naquela rota, tomando outros mil e um caminhos distintos. Encaminhou-se para casa, pensando em como precisava abraçar-se e mergulhar dentro de si mesma. E isso, de todas as formas possíveis que existissem. O corpo pedia compreensão, a mente pedia descanso. A alma, arrego. O coração, paz.
A sensação de não pertencimento ia embora quando a música se fazia presente. Olhava a sua volta, e via poucos pontos de luz como o seu. Não sabia se isso era bom ou ruim de fato. E passava a crer que independente dessa classificação, só queria estar perto de seus iguais, que sentiam e compreendiam a magia do meio ao redor, como ela fazia.
Ainda que xingasse ônibus, ex-namorados, atuais romances, familiares, à si mesma, ao mundo e até mesmo alguma Divindade, ela tinha total direito de fazê-lo. Ela sabia que voltar pra casa sempre lhe fazia bem. Ela sabia que poderia voltar atrás. Pedir desculpas nunca foi seu forte, mas o tempo e os encontros violentos com a vida ensinaram que há coisas piores.
Terminava seu dia esperançosa, ainda que não tivesse motivos palpáveis para tal. E se sempre voltava pra casa, é porque antes, sempre saía para o mundo. E para isto, ela estava disposta a fazer, de novo, de novo e de novo...
Pois é no mundo que encontravam-se não só respostas para antigos questionamentos; mas novas perguntas. E era a sede que a movia, de qualquer maneira. "Que isto nunca se acabe." Era o desejo que a norteava, antes de dormir e acordar num novo dia.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Carpe Diem, eu diria.

O momento é lisonjeiro.
A verdade sempre esteve ali.
Ela sabia que precisava se respeitar
Mas nem tão cedo iria reagir.

Afinal, precisa lutar contra o tempo!
O sistema não permite descanso não.
Mas a insônia, a fome o cansaço
Esses sim, farão parte da solidão.

No peito, a dor que já reconhece.
Os lábios nem se importam mais de não curvar.
Faz tempo que ali um sorriso não amanhece
E as olheiras tiram o brilho do seu olhar.

Acaba por se dar conta 
De que a vida é coisa imprevisível
Não sabe o quanto isso desmonta
As bases de um sonho que parece impossível.

Volta e meia, uma lágrima cai
Cai pra dizer que ali ainda tem vida.
Diz que não se desiste e nem se esvai
Que a loucura é coisa indevida.

Se entende por loucura algo que é e não é
Depende sempre de onde vem
Nesse caso, loucura é não tentar
Não tentar rir e te fazer bem.

E apesar do enjoo que causa mau estar
Ela alimenta esperança quando se esbarra no teu olhar
A ansiedade, ela já mandou pastar
Enxerga que agora, é nova hora de tentar.

Por fim, ela se pergunta: "Já tentou sorrir de verdade hoje?"
"Já fez alguém feliz?"
"Decidiu encher seu jardim de flores
Ou vai ficar no 'sempre quis, mas nunca fiz' ?"

quarta-feira, 1 de maio de 2013

João e Maria


João sempre foi assim. Meio alheio à sociedade.
Não entendia porque as pessoas fingiam necessidades.

E ser bonito era meta? Ter dinheiro era padrão?
Isso nunca fez sentido, ao ver mais um corpo suicida no chão.

De que adianta surgir, prosperar, viver?
Se a cada dia, as coisas que importavam pareciam morrer?

É de se pensar que os verdadeiros loucos eram nós, João pensava.
Para cada dia de cão e cada coração que se deslacerava.

Afinal de contas, se esconde o que sente, se engole o que não quer, e se apunhala quem ama.
Mas se finge estar bem, finge sorrisos ao padeiro e se junta ao inimigo na cama.

João não gostava como seu povo se sabotava.
Nunca entendera como tratavam uma vida como marmelada.

A felicidade era cara, insípida e vazia.
Não se baseava no sentimento, e sim no status que se cria.

E ele ficava louco, sozinho a se perguntar
"Aonde diabos eu vim parar?"

Por fim, João percebeu.
Desapontado, num guardanapo de bar ele escreveu:

"Não é a beleza falsa que assusta
E sim a satisfação plena que alcança
Pois se você se dá por contente
Terá que encontrar outro movito eminente

Pra viver a vida... Pra correr atrás de sonhos doidos, sonhos abortados.
Sonhos que ninguém quer te ver realizar.
Maria, ainda não te conheço.
Mas quero muito ser seu par.

Vem logo, e vem depressa.
Esse mundo é difícil à beça.
As pessoas se esquecem do que é bom
No fundo, todos tem medo da solidão.

Sei que também dessa agonia partilho
Mas não deixo isso interferir no meu trilho.
Pedi uma vez e peço novamente
Vem logo me curar da doença dessa gente. "


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Locus.



Quero um lugar
Onde as pessoas abracem sem medo,
escutem com os olhos e vejam com os ouvidos

Quero um lugar
Onde as pessoas emanem energias compatíveis e positivas,
e que seus sorrisos sejam janelas e portas de um inteiro mundo benéfico e insanamente feliz

E que a cada lágrima que cair
nasça uma cachoeira que terá o nome da pessoa pertencente

E ali, ela depositará as mágoas e as tranformará parte da natureza como obra do caminho;
Construção de sabedoria, paz e luz.

Mas pra isso, vou te avisar.
O papo vai malandrear...

E chega dessa história de se inundar por dentro
Pra não mostrar pra ninguém que você quer chorar.
Ser humano é desatento quando se trata do olhar.

Faça sua cachoeira, plante e colha tuas quimeras.
Seja feliz, faça dos dias tristes, lindas primaveras.

O dia que cê maturar, não se acanhe, venha a me encontrar.
Reencontrar ocê em mais uma vida,(mais uma vez?) mais um par.
Que se for pra eu sorrir feliz, aceito contigo dançar.

Aceito, à nós, eternizar.


Isso é, se teu medo e bom grado permitir.
Isso é, se eu conseguir criar paciência pra ti.

sábado, 23 de março de 2013

Poena impurus


"É engraçado, não é? Como tudo anda estranho e diferente...
Os valores se trocam como roupas, e morrem repentinamente.
E dentre roupas, ali achei mais uma!
Mais alguém capaz de me distrair da confusão que me inunda.


As coisas boas se passam de um jeito tão fullgás
Os pensamentos bons se vão na lágrima que cai.
Dentre uma corda ou outra, mais uma canção.
Mas dessa vez, pasme! Não é sobre você não...


Deixe-me sentar, beber mais um copo, aliviar a dor.
Deixe-me chorar, deixe-me espernear, deixe-me falar de amor.
Aqui não dá pra ser sempre sincero
Pois desmorona tudo que faço com tanto esmero.


Eu acordei ouvindo risadas de crianças
E dentre mil abraços, eu vi a cara da esperança
Ela segurou meu rosto, beijou-me com carinho.
Disse "Vá agora, pois tens um longo caminho."


Não vou assumir, não vou deixar transpassar.
Tenho medo de ir lá fora, tenho medo de qualquer lugar.
Afinal de contas, quem sou eu então?
Mais um anjo caído, me chamo "Solidão"...


Me sinto cada vez mais em casa, cada vez com mais sorte.
Sofrer de dor honesta faz sentir-me mais forte.
Um pouco de medo do novo, quem não tem?
Mas é um medo bom, pois sei que o novo vai me fazer bem.


No mundo em que vivo, todos estão mentindo.
Dizem que estão sorrindo, estão se encontrando.
Ora, eu sei que a ferida continua apertando.
Mas farei o mesmo que eles, só pra me sentir mais humano.


Dentre músicas e sorrisos, eu venho a me curar.
Viagens repentinas, boto fé, vou me encontrar!
Afinal, o que tanto essa vida quer nos ensinar?
Já, sei, já sei! Se eu pensar demais, vai estragar...


Agora que eu já magoei, que eu mostrei que não sou nada
Posso enfim seguir em frente, pra mais um dia de merda.
Sei que aquela lá viu algo de mim.
Deixa pra lá, não valho tanto à pena assim.

À pena... À pena... Pena impura.
Não serei digno de pena!!!
Apesar de ser exatamente isso que causo
Pra aqueles que viram o quão alquebrado estou.

"Boa noite, senhor. O que vai pedir?"
"Mais um copo, garçom. Ignorei mais um aprendizado naquela esquina ali."

quarta-feira, 13 de março de 2013

Timor Angelus

Desses olhos não mais saem lágrimas
Mágoa grande que abateu o coração.
As nuances verdes de um olhar não mais vívidas
Fazem ver que a ideia em si foi em vão.

De reencontro à até logo.
De músicas à sorrisos
De beijos a amizades
De choro à abismos.

O cigano enfim assumiu!
Se perdeu em meio à tanto medo.
Teve até medo de não ter medo.
Só pra acreditar que de fato, sucumbiu.

Que não tinha outra saída.
Que o tentar sempre naufragou.
Mas na verdade, era apenas ferida...
Ferida que há tempos existe, e ainda não se fechou.

Não é recente, é quase secular.
É uma dor que nunca passou.
Mas o vazio em si não o fez enxergar
Que o antídoto, em sua frente posou.

E assim, vive sozinho.
Reclamando sempre da solidão.
Ora, se na tua roseira tem espinhos
Porque os deixa procriar então?

Vai de rosa em rosa,
De flor em flor.
Não dá pra justificar nem uma prosa
Quando se sofre por amor.

Mas que fique atento!
Já vou lhe avisar.
Pra que depois não se julgue desalento
Por não ouvir alguém a lhe aconselhar.

Eu vi meu amor perdido num quarto qualquer.
No meio de uma mulher
Satisfeito temporariamente.
Com medo da solidão que adoece a mente.

A profundidade do universo que procuras
Não está na superficialidade das tuas ações.
Se a vida lhe trouxe amarguras
Saiba também que disso sofreram muitos outros corações.

Que houve nobreza, eu não posso negar.
Respeitoso aos sentimentos que vieram lhe cantar.
Lábios que tocaram a pele, me disseram pra fugir.
Pobre deles, não sabiam o tipo de espírito que havia ali.

Se queres ir alto, deves voar!
Mas tem que cuidar bem dessas asas.
E quando voltar, deves gritar!
"Acorda, mulher! Acorda que eu tô em casa!"

Na próxima conversa, quero ouvir falar.
De como por si mesmo você se apaixonou.
De como agora você sabe quem por trás do espelho está.
De como está bem pelo bem que plantou.

Eu quero ver vida, eu quero ver transmutação.
Eu quero que a ideia se torne revelação.
Eu quero musicar o teu triunfar
Quero brindar você sem parar.

O céu azul vai ouvir tua glória.
E de estrelas ele vai brilhar a tua vitória.
Por dentre gargalhadas, eu vou mais uma vez declarar.
'Aqui é tua casa, volta sempre que precisar lembrar o que é amar!'"





domingo, 27 de janeiro de 2013

Finalmente

"O cheiro sufocante do medo
Amarga teu beijo puro e inseguro.
O mel das tuas palavras
Não vai salvar o dia, mais uma vez.

Tempo difícil de espera já passou.
Dá um basta nessa dor.
Vem de uma vez só
Pontua teu gosto no meu amor.

Há quem duvide de sorrisos
Quando vê a gente assim
Tão um no outro
Querendo que todos se felicitem por fim.

Deixa eles, que de nada vai adiantar
Apresentar nosso calor
Pra depois, com inveja
Virem nos sabotar.

Tem faltado pouco, e eu sei que você sente.
Tá chegando a hora
De terminar o sonho do futuro
E apresentar um feliz presente."


LIMA, Luciana. Finalmente.

(2013!)